O rompimento da barragem de Fundão, localizada no subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 km do centro do município de Mariana, em Minas Gerais, ocorrido em novembro de 2015, me mobilizou profundamente. Para escrever este livro, me detive aos problemas ambientais, sem esquecer a tragédia humana, a morte de várias pessoas e as milhares que ficaram desabrigadas.
Sensibilizado por este desastre, no qual se estima que cerca de um trilhão de seres vivos tenham desaparecido, nasceu A Caravana de Noé, que é uma alusão à história da Arca de Noé. A Caravana se inspira nessa narrativa para recuperar a área atingida e a bacia do Rio Doce.

As barragens são bombas que podem ser detonadas, se não houver decisões do homem. Assim, o objetivo desta fábula é alertar e conscientizar as crianças e os jovens sobre a necessidade de iniciativas em defesa do meio ambiente.

Apesar do incrível poder de autorregeneração, a natureza agredida chama por socorro. É urgente que a sociedade reflita sobre suas condutas, pois essa recuperação natural pode demorar muitos anos e, em alguns casos, o dano pode ser definitivo, pois extingui espécies e coloca em risco a sobrevivência humana.

Nesta ficção, influenciado pelo trabalho do fotógrafo Sebastião Salgado, formulo um plano de recuperação, no qual os animais, preocupados com a natureza, conseguem resgatar o espaço detonado pelo acidente. A reabilitação foi um sucesso e Tiçá, Luçá, Mari-ná e seus amiguinhos animais receberam o prêmio "Projeto do Século" pelo excelente resultado. O nome do prêmio é uma homenagem ao trabalho que o fotógrafo e sua família fizeram na zona de Rio Doce, em Aimorés, também no Estado de Minas Gerais, visando regenerar todo o ecossistema do local.

A história ressalta a visão dos índios, suas lendas e mitos e o compromisso desses habitantes em proteger os animais e a floresta, e aborda o cenário político, inundado por grandes conflitos de interesses e permeado pela corrupção, fatores que só agravam os problemas ambientais, entre outros, que, infelizmente, conhecemos bem.

Por fim, destaco que toda a movimentação dos personagens em prol da natureza tinha dois interesses: a preservação da vida e o amor pelo próximo. É com esse espírito que convido a todos para embarcar nesta caravana, com a esperança que este sonho se torne realidade.